Urânio: a commodity da década
Nos últimos anos, vimos diversas commodities apresentando valorização
expressiva por conta de aumento na demanda. Atualmente, o urânio está se
destacando. Com o aumento na demanda por energia limpa e por fontes
alternativas ao petróleo, a demanda por urânio está em alta. O BURA39 é a melhor
forma de investir em urânio no Brasil. O BURA39 é um ETF que replica o “URA”
(Uranium ETF), que investe nas maiores produtoras de urânio do mundo.
Introdução
O urânio é um material radioativo, utilizado principalmente para produção de
energia nuclear. Há outros materiais radioativos, como plutônio e tório, mas o
urânio é o principal material utilizado em usinas nucleares. Além de ser
utilizado em usinas nucleares, o urânio também é utilizado em equipamentos
médicos e em motores para propulsão. Contudo, vale destacar que a principal
aplicação é para geração de energia.
As maiores reservas de urânio estão na Austrália como pode ser visto abaixo.
Outros países com reservas relevantes de urânio são Cazaquistão, Canadá,
Rússia e Namíbia. O Brasil também possui reservas de urânio, mas pouco
exploradas.

O urânio possui algumas vantagens como fonte de energia. Uma das
vantagens é que a quantidade de energia extraída do urânio é elevada. Uma
pequena quantidade de urânio é capaz de gerar a mesma quantidade de
energia de toneladas de carvão mineral ou petróleo. Por exemplo, um quilo de
urânio é capaz de gerar a mesma energia que mais de 500 barris de petróleo.
Outra vantagem do urânio é que a energia gerada é pouco poluente. O urânio
gera pouca emissão de CO2, similar a plantas de energia hidroelétrica, energia
solar ou eólica. Com o aumento da demanda por energia “limpa”, os
investimentos em usinas nucleares estão aumentando, principalmente na
China.
Oferta e Demanda de urânio
A demanda por urânio está crescendo em função do aumento dos
investimentos em plantas nucleares, principalmente na China. Atualmente há
mais de 100 reatores nucleares em construção na China, o que deve elevar a
demanda por urânio nos próximos anos. Os EUA e a França também
anunciaram investimentos em energia nuclear nos últimos anos. No caso da
Europa, os investimentos em energia nuclear foram vistos como uma
alternativa ao gás e petróleo russo. Além de plantas novas, muitos países
estão investindo para religar usinas nucleares desativadas. Nos EUA, o
investimento em energia nuclear foi considerado uma questão de segurança
nacional, visando acelerar os investimentos no setor.

Outro fator que está impulsionando a demanda são os investimentos em
tecnologia, particularmente inteligência artificial (IA). Data centers e outros
equipamentos utilizados por grandes empresas de inteligência artificial estão
elevando a demanda por energia, o que exige investimentos na oferta. Esse
fator inclusive foi destacado pelos EUA ao considerar energia nuclear um tema
de interesse nacional. Os data centers americanos representaram cerca de 2%
do consumo de energia nos EUA em 2018. Em 2023, esse número já tinha
aumentado para mais de 4%. Em 2028, pode chegar até a 12%.
Um último fator relevante para o aumento dos investimentos em energia
nuclear é seu preço. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o custo
por megawatt/hora da energia nuclear é de ~US$ 40, abaixo do custo da
energia térmica (US$ 80) ou solar (US$ 95) ou eólica (US$ 70). Vale destacar
que estas são estimativas para produção nos EUA, que pode diferir de custos
de produção em outros países e regiões. Ainda assim, os dados mostram que
a energia nuclear é relativamente barata, o que tende a favorecer a
continuidade na alta do urânio.
Esses fatores devem elevar a demanda por urânio nos próximos anos.
Contudo, não há, até o momento, aumento equivalente da oferta, o que deve manter os preços elevados. Como pode ser visto abaixo, o preço do urânio vem
aumentando nos últimos anos. A guerra entre Rússia e Ucrânia foi um dos
fatores por trás da alta, uma vez que o conflito sinalizou que a Europa iria
tentar reduzir sua dependência de energia da Rússia e que a energia nuclear
seria uma opção. Contudo, este não foi o único fator. Como já destacamos
anteriormente, a oferta de urânio segue estagnada enquanto diversos
investimentos em energia nuclear estão sendo anunciados, tanto na Europa
quanto nos EUA e China. Como o preço da energia nuclear é baixo,
acreditamos o ainda há espaço para valorização do urânio no futuro.

BURA39 – BDR de ETF
O BURA39 é um BDR de ETF. Ou seja, é um BDR (Brazilian Depositary Receipt)
de um ETF (o URA – Uranium ETF). O BURA39 investe nas maiores produtoras
de urânio do mundo. Como pode ser visto abaixo, o ETF vem apresentando
valorização acentuada nos últimos anos e o volume negociado está
aumentando.

O BURA39 replica o índice Solactive Global Uranium & Nuclear Components.
O índice foi criado para acompanhar a performance de empresas que operam
ou estão expostas à indústria de urânio (mineração, refino, etc.). Isso inclui
tanto empresas cujo negócio principal é a exploração de urânio quanto
empresas atuam indiretamente ou em que o urânio não é o negócio principal.
O índice também inclui empresas produtoras de componentes para a indústria
nuclear. Contudo, o número de empresas que não estão ligadas diretamente à
indústria de urânio está limitado a 15 e o peso de cada uma destas empresas
não pode ser superior a 2%. Os pesos no índice são baseados no valor de
mercado do free-float. O índice é rebalanceado trimestralmente. Por fim, uma
consultoria externa auxilia na avaliação das empresas do índice para evitar
que nenhum componente do índice esteja envolvido em alguma utilização
inadequada do urânio (como armas).
A figura abaixo mostra as maiores posições do índice atualmente. As maiores
posições do ETF são Cameco, produtora de urânio do Canadá, e Oklo,
operadora de plantas de energia nuclear nos EUA. Diversas empresas menores
também fazem parte do índice, conta atualmente com quase cinquenta
empresas. Para ser incluída no índice, a empresa precisa ser listada em bolsa
de valores, ter valor de mercado de pelo menos US$ 50 milhões (free-float) e
negociar pelo menos US$ 100 mil/dia.

O desempenho do ETF tem sido superior ao do próprio uranio. Como pode ser
visto acima, o urânio está em alta desde 2018. Contudo, desde 2024 o urânio
passou por uma correção enquanto o BURA39 segue renovando máximas. Em
nossa visão, isso se deve à alavancagem operacional das empresas: a alta do
urânio deve fazer com que o lucro das empresas aumente mais do que a alta
do próprio urânio. Além disso, o mercado de ações global está em um
momento positivo, o que favoreceu a alta dos ativos do índice.
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